08 maio 2017

paul éluard / de um e de dois, de todos




Sou o espectador o actor e o autor
Sou a mulher e o marido e o filho
E o primeiro amor e o derradeiro amor
E o furtivo transeunte e o amor confundido


E de novo a mulher seu leito e seu vestido
E seus braços partilhados e o trabalho do homem
E seu prazer em flecha e a fêmea ondulação
Simples e dupla a carne nunca se exila

Pois onde começa um corpo ganho eu forma e
                                                                                      [consciência
E mesmo quando na morte um corpo se desfaz
Eu repouso em seu cadinho desposo o seu
                                                                        [tormento
Sua infâmia me honra o coração e a vida .




paul éluard
algumas das palavras
trad. antónio ramos rosa e luiza neto jorge
publicações dom quixote
1977


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