26 maio 2017

henrique guimarães / valentino




Furtei a Deus um mistério
Para que nele ardesse o Outono - teu beijo!
Dancei, cobri-te de sangue
E acendi fogueiras para veres as cidades à noite.

Derrubei a flor na pólvora - sedutora
monstruosa de mãos púrpuras
que ao tempo errado almejou fim.
Minha história, dobra-se nua ao instinto
Zoa de imagens sabotadas e tempestuosas
Respira para que em ti o abraço seja quente
e relutante como o punho dos mares.

Por isso, eu sei
que meu espírito, um dia
Herdará da fome
uma estação do
Inferno.



henrique guimarães




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