29 março 2017

nuno vidal / coda



Quando falas duma estrela
falas da ruiva, da polícia,
de ti? Falas da falta.
Uma cova de leite.
Pode ser um brilho que prende
o casaco, um talismã de procela.
Aquilo fica connosco até
de madrugada, quando reparamos
obriga-nos a não dormir
e por vezes tossimos um pouco.

Mas ninguém sabe da cera
iluminada por trás, pensa
cada fervor de solitário.
Depois vem a ver uma fotografia
de novecentos e sessenta e sete
e lá está bem melhor. Com
semelhante sediela se ata
o gosto para versos para ninguém.
Há uma rapariga que vê.
Liga com a sua infância
e vai tornar a filosofia inútil.


nuno vidal
as escadas não têm degraus 3
livros cotovia
março 1990




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