11 fevereiro 2016

mia couto / escrita



Tenho fome de um nome
e procuro-o para além dos idiomas
como garimpeiro de vozes
esgravatando um chão de silêncios.

Ecoa em mim
um búzio sem mar,
um peixe agoniza
no estremecer da página nua.

Hoje fui beijado por serpente.
E me espelhei
água sobre a lua.

Hoje escrevi mel
sobre a picada da abelha
isso a que outros chamam poesia.



mia couto
tradutor de chuvas
caminho
2013




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