29 setembro 2015

antónio gedeão / poema da morte aparente



nos tempos em que acontecia o que está acontecendo
                                                                                      [agora,
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no
                                                                        [tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.

a suspirar e a protestar morreram.
e agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos como se as dentaduras fossem novas.



antónio gedeão
linha de força
1967







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