(Prelúdio, em forma de grito, para
um livro de confissões pessoais que
nunca escreverei.)
XXII
Ouve, tu que não estás no céu:
Estou farto de escavar nos olhos
abismos de ternura
onde cabem todos
- menos
eu!
Estou farto de palavras de perdão
que me ferem a boca
dum frio de lágrimas quentes de punhal!
Estou farto desta dor inútil
de chorar por mim nos outros!
- Eu
que nem sequer tenho a coragem de escrever
os versos que me fazem doer!
josé gomes ferreira
poesia II
pessoais 1939-1940
portugália
1962
Lindo!
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