10 janeiro 2015

pentti saaritsa / a ferida



A ferida pode ser simplesmente benigna
e o sangue fresco é sempre belo.
Mas a dor abre as suas pétalas, o medo surge
e persegue-nos como um mastim.
É mais antigo que nós
e aparenta conhecer-nos.
O prazer e a morte fazem os seus turvos negócios
nas nossas costas; na conversa que travam
distinguimos por vezes o nosso próprio nome.
No fim sempre acontece, talvez se ouça
a ignóbil violência do acidente,
algures bate uma porta, algures um grito
ou o silêncio.
E o sol não nasce. Eras tu.

  
pentti saaritsa
poemas
tradução de egito gonçalves 





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