28 dezembro 2014

álvaro de campos / escrito num livro abandonado em viagem



Venho dos lados de Beja.
Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto Não é nem no passado nem no futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto:
Fui, como ervas, e não me arrancaram.

  

álvaro de campos




3 comentários:

  1. BELO - como todos os poemas desta judiciosa seleção
    grato aos autores, em particular à pessoa esclarecida e conhecedora da poesia portuguesa que nos brinda com o seu invejável sentido estético literário

    um bom 2015 para ele

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  2. Belíssimos poemas. Sem dúvida uma seleção criteriosa de alguém que é apaixonado pela poesia.

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  3. Grato pela vossa simpatia.

    Feliz 2015.

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