no país no
país no país onde os homens 
são só até ao
joelho 
e o joelho
que bom é só até à ilharga 
conto os meus
dias tangerinas brancas 
e vejo a
noite Cadillac obsceno 
a rondar os
meus dias tangerinas brancas 
para um
passeio na estrada Cadillac obsceno 
e no país no
país e no país país 
onde as
lindas lindas raparigas são só até ao pescoço 
e o pescoço
que bom é só até ao artelho 
ao passo que
o artelho, de proporções mais nobres, 
chega a
atingir o cérebro e as flores da cabeça, 
recordo os
meus amores liames indestrutíveis 
e vejo uma
panóplia cidadã do mundo 
a dormir nos
meus braços liames indestrutíveis 
para que eu
escreva com ela, só até à ilharga, 
a grande
história do amor só até ao pescoço 
e no país no
país que engraçado no país 
onde o poeta
o poeta é só até à plume 
e a plume que
bom é só até ao fantasma 
ao passo que
o fantasma - ora aí está - 
não é outro
senão a divina criança (prometida) 
uso os meus
olhos grandes bons e abertos 
e vejo a
noite (on ne passe pas) 
diz que
grandeza de alma. Honestos porque. 
Calafetagem
por motivo de obras. 
É
relativamente queda de água 
e já agora há
muito não é doutra maneira 
no país onde
os homens são só até ao joelho 
e o joelho
que bom está tão barato 
mário cesariny
manual de prestidigitação
discurso sobre a reabilitação do real
quotidiano
assírio &
alvim
1981
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