Não sei qual é o sentimento, ainda inexpresso,   
Que subitamente, como uma sufocação, me aflige   
O coração que, de repente,  
Entre o que vive, se esquece.  
Não sei qual é o sentimento  
Que me desvia do caminho,  
Que me dá de repente  
Um nojo daquilo que seguia,  
Uma vontade de nunca chegar a casa,  
Um desejo de indefinido.  
Um desejo lúcido de indefinido.  
Quatro vezes mudou a 'stação falsa  
No falso ano, no imutável curso  
Do tempo consequente;  
Ao verde segue o seco, e ao seco o verde,  
E não sabe ninguém qual é o primeiro,  
Nem o último, e acabam.
álvaro de
campos
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