06 abril 2014

àlex susanna / visões




Da janela oval do avião
levas os olhos à estranha paisagem
onde bem poderias passear,
tens dificuldade em reconhecer
o mais breve caminho que se ofereça,
tornado ruga milenária
ou vazio antediluviano.                             
Tudo parece tão longínquo e disforme
que decides ignorá-lo.
 
Acontece tanto na vida como na poesia:
quando estas se elevam ou afastam demais
daquilo que te é familiar
fazem com que percas o interesse
porque preferes vivê-las de baixo,
do nível zero, esse
onde as coisas são como são:
caminhar exige sempre um mínimo de esforço.


àlex susanna
poemas
tradução de egito gonçalves




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