06 agosto 2013

armando silva carvalho / metal e nuvens



E aqui com grande choro começo.
Porque ando à caça entre brenhas
de metal e nuvens?
Outrora os pastores lembravam-se do tempo
em que a vereda da vontade viam
e límpidos, no chão, adormeciam rústicos.
Agora sou um ser traído pela vergonha
e amanso ovelhas ruivas, retalhadas por máquinas
que a boca dos dizeres coagulou no tempo.
Estou só entre estas bestas que me chegam do espaço
e que lambem no frio as minhas mãos inertes.



armando silva carvalho
técnicas de engate 1979
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



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