03 julho 2013

rené char / não se entende



ao longo da luta tão negra
e da imobilidade tão negra,
o terror cegando o meu reino,
eu ocupava-me dos leões alados da colheita
até ao grito frio da anémona.

vim ao mundo na deformidade das cadeias de cada criatura.
tornávamo-nos livres os dois.

de uma moral compatível, extraí irrepreensíveis recursos.
apesar da sede de desaparecer,
fui pródigo na espera, a fé constante.

sem renunciar.



rené char
furor e mistério
tradução margarida vale de gato
relógio de água
2000



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