16 abril 2013

glória gervitz / migrações (fragmentos)


  

E teria talvez valido a pena
deter-se nas pulsações daquela dor de cabeça
Deter-se
             Forçar o lugar do pó, as palavras
apertar o medo, romper a margem
                                        Regressar ao dia de hoje
 
Ela era uma mulher que comia apreensiva num
restaurante
                                       Vivia mais lentamente
Era como estar longe sem mudar de lugar
 
Estou cheia de paredes
Fotografias guardadas numa caixa de charutos
 
                                                É Segunda-Feira
Tinha um penteado que lhe cobria as orelhas
E cheirava sempre a lírios
                                       O que é que recordo?

Para quê pensar-me?
Também isto passará




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