27 fevereiro 2013

josé tolentino mendonça / anjo da guarda



Ele é o meu anjo
ele vem do escuro
a embarcação em chamas
desce o canal!

Se a mulher adormecida nas margens
alongasse os braços
os remos da embarcação bateriam
nos astros

Há uma janela donde tudo se vê
o ordenado campo da casa
os atalhos cheios de giestas
e o meu anjo avança veloz

Um bêbado acena e grita
mas já é tarde para salvar-me
à conspiração do lume



josé tolentino mendonça
longe não sabia
presença
1997



Sem comentários:

Enviar um comentário