02 dezembro 2012

fernando luís sampaio / ao entrar no bar



Deixa a tua mão renascer na curva
Da paisagem, nos alicerces desertos
Da paixão ─ como as longas cartas que escrevias ─ ,

Deixa que os lábios sobrevoem
As palavras incapazes de alegia
─  que me calaste no auge do beijo ─ ,

Deixa, por uma vez, que tudo flua
Como o fogo na minha mão
E se escoe pelos corações mais queimados
Pela vida.

Deixa, numa manhã assim,
Sem razão aparente e aparada
Nas pontas que a tua mão
Corrija a órbita desta paisagem

Que pronuncia a indecifrável
Respiração da morte.




fernando luís sampaio
relâmpago
revista de poesia 29-30
out 2011 abril 2912




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