26 julho 2012

leopoldo maria panero / sonho de uma noite de verão






Os homens do viet são tão belos quando morrem.
A água do rio, lambendo as suas pernas, fazia mais sexual
a sua ruína.
Depois vieram as Grandes Chuvas procurando
a vagina esfomeada da selva e apagaram tudo.
Ficou apenas nos lábios a sede da batalha, para nada,
como baba
que cai da boca sem cérebro.
Hoje
que num leito sem árvores nem folhas
com a tua língua desfolhas a árvore do meu sexo
e cai toda a noite o sémen como chuva
e cai toda a noite o sémen como chuva, diz-me
beijando suavemente o túnel do meu ânus,
cova de anaconda que ainda me marca
os ritmos da vida, diz-me o que era, o que é,
o que é um cadáver.




leopoldo maría panero
(espanha, n. 1948)
tradução de joaquim manuel magalhães



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