29 junho 2012

david gonzález / a caminho das sentinas







As ratazanas.

As da prisão.

A que pegámos
fogo
no centro do pátio.

Arrastavam pelo chão
com o seu corpo coberto
de chamas,
a camino das sentinas.

O Papuchi dizia:

Isso é porque
as grandes putas
sabem
que nas retretes
água

Não acredito.

Arrastavam-se nessa direcção
por ali terem a sua casa
por quererem morrer
cercadas pelos seus.

Como se fossem
seres
humanos.

Não importa,
que me lembre,
nenhuma
conseguiu
chegar.

Nenhuma.

Nunca.

Chegar.




david gonzález
poesia espanhola, anos 90
trad. de joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000



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