13 fevereiro 2012

yorgos seferis / romance




III

                               Lembra-te dos banhos em que foste afogado




Acordei com esta cabeça de mármore nas mãos
que extenua os meus cotovelos e não sei onde
          pousá-la.
Ela tombava no sonho enquanto eu saía do sonho
a nossa vida uniu-se e será muito difícil separar-se
          de novo.

Vejo os olhos; nem abertos nem fechados
falo à boca que continuamente procura  falar
seguro as maçãs do rosto que ultrapassam a pele.
Já não tenho força;

as minhas mãos perdem-se e aproximam-se de mim
mutiladas.






yorgos seferis
poemas escolhidos
trad. de joaquim manuel magalhães e nikos pratisinis
relógio d´água
1993




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