31 agosto 2011

paul auster / desenterrar



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XIX

Ainda morrem os mortos: e neles
os vivos. Todo o espaço,
e os olhos, caçados
por frágeis utensílios, confinados
às suas vestes.
Respirar é aceitar
esta falta de ar, a única respiração,
procurada nas fissuras
da memória, no lapso que aparta
esta linguagem de trincheiras, sem a qual a terra
teria ofertado mais férrea profecia
para erodir os pomares
de pedra. Nem ao menos o silêncio
me persegue.







paul auster
poemas escolhidos
tradução de rui lage
quasi
2002
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