27 julho 2011

pedro tamen / madame butterfly, velha

 
.
.
.
Engano: não, não me matei,
suguei
a vida que outros deram.
 
Gueixa nasci e aqui estou de gueixa,
borboleta que fui, borboleta que sou,
mosca, ah, sim, mosca,
mas de manteiga.
 
E envelheço porque não morri.
Envelheço? Não pode envelhecer
quem sempre foi assim.
Dizem-me velha? Olhem-me as pinturas:
todos os dias chegam barcos,
barcos, marinheiros,
todos os dias chegam.
 
 
 


 
pedro tamen
relâmpago nº. 13 10-2003
revista de poesia
fundação luís miguel nava
2003
 
.
.
.

3 comentários:

  1. Parece que ela está aqui...bem real. Parabéns!

    ResponderEliminar
  2. parabéns pelo texto, em nome da poesia Portugal quero aproveitar para o convidar também para dar uma espreitadela ao nosso projecto

    http://www.portugalpoesia.blogspot.com/

    obrigado e muitos parabéns pelo trabalho que estão a fazer...

    ResponderEliminar
  3. "velha" não sou, mas sou velha. E já morri muitas vezes. Espero vir a reencarnar em forma de petúnia.

    ResponderEliminar