14 março 2011
walt whitman /a um estranho
Estranho que por mim passas! não sabes com que
anseio meus olhos te fitam.
Porque és aquele que eu procuro, aquela que eu
procuro (como se fora um sonho),
Tenho a certeza que, nalguma parte, alegremente
vivi contigo,
Recordo, ao nos cruzarmos, tudo, fluido, afectuoso,
casto, calmo,
Cresceste comigo, foste comigo um rapaz, comigo
foste rapariga,
Comi contigo, dormi contigo, o teu corpo não ficou só
teu, nem o meu corpo só meu,
Deste-me o prazer dos teus olhos, do rosto, da carne,
ao nos cruzarmos levas da minha
barba, peito, mãos, em troca.
Não me cumpre falar-te, eu sou quem existe para
pensar em ti, quando fico sozinho
ou de noite acordo,
Eu sou quem deve esperar, seguro de voltar a
encontrar-te,
Eu sou quem deve cuidar de te não perder para
sempre.
walt whitman
poesia de 26 séculos
vol. II de bashô a nietzche
trad. jorge de sena
editorial inova
1972
Massa esse poema! Abraço.
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