28 fevereiro 2011

brian patten / é sempre a mesma imagem





é sempre a mesma imagem;
a tua, saindo nua dos rios do Outono,
o corpo envolto em vapor, coberto de chuva,
gotas azuis e cinzentas desprendem-se de ti,
quando falas
folhas caem e desintegram-se.

é sempre a imagem dos teus seios,
cheio da violência de plantas marinhas
que vibram quando tocadas; peixes
acasalam por debaixo de ti; o teu corpo azul, a tua
sombra seguindo-o,
ambos como espectros vistos de esplanadas distantes
por um público assustado.

a mesma imagem,
mas agora um lago cercado por fetos,
e, meio visíveis por entre a neblina,
mil amantes seguindo-te nus
sem deixar rasto nas esquinas da madrugada.






brian patten
leituras poemas do inglês
trad. joão ferreira duarte
relógio d'água
1993



1 comentário:

  1. queria ter o teu saber!
    conseguir encontrar estes tesouros, como tu sabes!
    como não sei..., vou tos roubando, sempre que passo por aqui :)
    Beijo, Gil! :)

    ResponderEliminar