Estava de verdade
muito só naqueles dias
de verão. Á noite
sentava-se à janela comigo,
desgrenhada, descalça, suada
à espera de um fresco amanhecer
que não chegava nunca.
Chegaste, porém, tu,
arcanjo de trevas, sanguinário e belo,
portador de uma cega sentença.
Com o punho batias
ao portão incapaz de dormir.
Aqui
não vive ninguém. Cavernosa a voz
e com susto a noite, as estrelas
aziagas.
É um morto quem vive
nesta casa. Que Deus o ampare,
irmão.
E amparaste-me tu
no fundo de um poço
sem ar e sem ninguém.
josé luís garcia martin
trípticos espanhóis 1º.
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
1998
Beleza e trevas.
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