26 julho 2010

paulo barbosa / desemprego







Tal como Rimbaud, as vozes instrutivas exiladas, a abominação a todos os
modos de vida, a inabilidade na luta
Tal como La Boétie, perfilho o “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”
Tal como o meu irmão, degrado-me na usura e sou dispensável
Tal como Belmiro, queixo-me da conjuntura e sou perverso
Agora acordo preguiçoso, sem hora nem ponto, conhecendo as mutilações
que nos aguardam, implacáveis
Tal como Ginsberg, fico sentado dias a fio a olhar as rosas na retrete
Colecciono más caras e escrevo frase sobre frase pelo cano abaixo






paulo barbosa
oficina de poesia
revista da palavra e da imagem
nr. 1 série II
junho 2002





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