08 março 2010

isabel meyrelles / tu és o meu relógio de vento






Tu já me arrumaste no armário dos restos
eu já te guardei na gaveta dos corpos perdidos
e das nossas memórias começamos a varrer
as pequenas gotas de felicidade
que já fomos.
Mas no tempo subjectivo
tu és ainda o meu relógio de vento
a minha máquina aceleradora de sangue
e por quanto tempo ainda
as minhas mãos serão para ti
o nocturno passeio do gato no telhado?







isabel meyrelles
o rosto deserto
1966






2 comentários:

  1. Adorei três momentos nesse poema:

    "Tu já me arrumaste no armário dos restos"

    "Mas no tempo subjectivo
    tu és ainda o meu relógio de vento"

    "e por quanto tempo ainda
    as minhas mãos serão para ti
    o nocturno passeio do gato no telhado?"

    Trágico, afirmativo e sutil.

    Aquele abraço,
    Paulo.
    http://poenocine.blogspot.com/

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  2. Olá,
    Gostaria de convidá-lo a visitar o minervapop.blogspot.com, buscamos melhorar e enriquecer nossos “posts” e “debates”, e pelo conteúdo do seu blog, entendemos que temos afinidade em certos assuntos.
    Valeu!

    Anselmo

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