03 maio 2009

josé miguel silva / os melhores anos da minha vida






Os melhores anos da minha vida
passaram comigo ausente, passaram
numa corrente subterrânea.
Não me apercebi de nada, distraído
com a queda das folhas,
a densa mistura de pão e desordem.

Estava tudo em aberto, mas eu não sabia
senão de pequenas querelas,
e tímidos passos à toa, sempre à espera
de não ter futuro. Sentado, como um pobre,
sobre o poço de petróleo,
eu media com tesouras as semanas,
misturava-me com livros, ansiava
pelo dia em que deixasse de sangrar.

Os melhores anos da minha vida troquei-os
por isto.






josé miguel silva
vista para um pátio seguido de desordem
relógio d'água
2003.






9 comentários:

  1. Os melhores momentos as vezes são trocados por bagatelas sem valor, no entanto algum propósito há nessa troca.

    Beijos doces de seu sabor preferido.

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  2. terei que roubar.
    é mais forte que eu (:

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  3. Contente com a tua curiosidade :-)
    Este teu poema é lindissimo, permite-me porém discordar de ti.

    Quem sabe se os melhores anos da tua vida não estarão ainda para vir?! Quem sabe se toda a apredizagem que adquiriste naqueles que julgas que perdeste não serão a mais valia para a tua felicidade futura?! Quem sabe?! Corre atrás dela, vá... :-)

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  4. Adorei sua forma de escrever!Parabéns!
    barbosa.juliana.zip.net

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  5. "E o pior é que chamamos liberdade
    a um tapete que, rolante, já não ouve a opinião dos nossos pés; que nos leva para onde e anuímos, alheados, aos mecânicos desígnios do terror."
    José Miguel Silva

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  6. conheces este gajo?

    um monumento de gente

    nao ninguem como o miguel

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