22 fevereiro 2009

jürgen theobaldy / poema sobre o amor









Hoje de manhã, ao acordar,
pensei:
hoje, o amor vai assaltar-te
embora não soubesse como ele é
nem o que vale.

Eu acho que as coisas realmente grandes na história
(tanto na história UNIVERSAL
como na história pessoal
mas talvez eu esteja errado)
de modo nenhum são feitas por amor
ou em amor ou qualquer coisa assim;
eu acho que as coisas realmente grandes
se fazem por razões completamente diferentes.
Por exemplo, a SIEMENS não constrói por amor
uma barragem em Cabora Bassa, e também
uma revolução do amor não
levará a nada.
Claro que se pode tentar
mas eu não acredito nisso.

E tentei
explicar isto à mulher-do-meu-amor
(que acordou logo a seguir a mim
talvez eu a tenha acordado
ao erguer-me para olhar para o despertador
passava pouco das onze e era sábado)
e ela disse
que não fazia SENTIDO
eu estar AGORA a explicar-lhe isto
e eu dei-lhe razão
e
ela
deitou a mão à minha piça. Depois
fizemos amor até ao meio-dia-e-meia
sem que daí
resultasse
nada de verdadeiramente grande
digamos: pelo menos com metade da grandeza
dos esforços de Leviné em Munique em 1919.










jürgen theobaldy
(alemanha, n. 1944)
versão de joão barrento
lido aqui









1 comentário:

  1. Cheguei aqui ao sabor do acaso. E, porque de acaso não se trata o que por aqui se revela, tomo a liberdade de linkar o blog.

    Deixo convite.

    Saudações
    *__bonecadetrapos__*

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