24 abril 2008

noite de abril






hoje, noite de abril, sem lua,
a minha rua
é outra rua.


talvez por ser mais que nenhuma escura
e bailar o vento leste
a noite de hoje veste
as coisas conhecidas de aventura.


uma rua nova destruiu a rua do costume,
como se sempre nela houvesse este perfume
de vento leste e primavera,
a sombra dos muros espera
alguém que ela conhece.


e às vezes, o silêncio estremece
como se fosse a hora de passar alguém
que só hoje não vem.










sophia de mello b. andresen
obra poética I
caminho
1999


3 comentários:

  1. O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    *Fernando Pessoa*

    Vale sempre a pena andar aqui por perto!

    Doces Beijos

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  2. Assim lindo infante, que dorme tranqüilo,
    Desperta a chorar;
    E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
    Não pensa — a pensar.

    *Gonçalves Dias*

    E mais uma vez venho me encantar...

    Bejos doces!

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  3. lindíssimo este poema :)

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