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as árvores furiosamente nuas
largam os seus pássaros negros
num outro mês qualquer
e as estradas separam as folhas
rolam as pedras cansadas de sol
para que o sul seja um lugar
onde a água espera
e o destino se esconde
em forma de ilha
que mão amputar
se assim nos pedem o frio?
-2-
são tão largas as horas
que se consegue ver
a solidão dum comboio vermelho
a raspar a noite
como homens à procura de uma porta
definhando gloriosamente
nas suas estações de
desespero
-3-
pelas gárgulas das catedrais
escoam-se noites antigas
que homens pacientemente sábios
recolhem letra a letra
a neve, tão mansa,
guarda-lhes a sombra e os passos
que numa janela alta e distante
um outro homem há-de ler
-4-
às vezes os navios doem
como ópio num pulmão derrotado
ou como quando tu ficas
no impossível meridiano da ausência
e eu te aceno de um silêncio
que é quase a loucura dos pássaros
gil t. sousa
água-forte
2007
Não iludo as palavras elas é que me iludem apenas lhes acrescento letras elas acrescentam-me vida.
ResponderEliminarGostei de ler:)
Adorei o blogue, como amante da poesia tenho que considerar uma falha ainda não ter visitado aa sua página.
ResponderEliminarwww.paviagens.blogspot.com - Gostava que visitasse a minha página e se achar que merece adicioná-lo ao seu blogue
nunca a cidade interior se assemelhou tanto à invernia da espera...
ResponderEliminarnem se ouve um som...