30 março 2006

post it / nuno travanca

sem título


na extensão imanente dos teus púberes dedos
outra linguagem
centelha apertada no corpo
desfeita pela lonjura das sombras


a letra levada a extremos
holograma da pele
investido em ângulos mais fracos
cada vez mais fracos


um prelúdio de esquecimento
gestação fúnebre do instante


o semblante do lugar
em puro desfasamento
afastado da luxúria
ao encontro da rugosidade do papel


dedos púberes e incompletos
registo óbvio da gnose
da leviandade
do próximo raio de tinta


o corpo
conteúdo da brevidade escutada


a centelha a desabrochar
no toque.



nuno travanca

1 comentário:

  1. o brilho momentâneo
    no risco do papel
    e de olhos fechados
    deixo que os dedos furem a pele
    em desenhos azedos
    repelidos pela sombra

    e um toque belo
    o teu!

    que se diz a tanta beleza?

    nada...

    só de lê e saboreia

    lena

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