05 abril 2022

antónio franco alexandre / (trânsito)

 
 
Trabalhador precário, vou-me vestir de nómada
por ser mais alta estirpe e rima cómoda
para assim cantarolar:
 
os pedaços de terra todos têm
o seu pastor e ovelhas a guardar
e é pequena a clareira onde parava
o profeta a ruminar
 
regresso agora se posso
se há casa chão regressar
à cidade fiel é que pertenço
a de todos por igual
 
essa imagem hoje te envio
dos Pirenéus num postal
altas montanhas de neve
e paredes de cristal
 
vais-te rir da rima pobre
mas é pobre o que hoje sou
ali no vale é que fica
o riso bom de ficar
 
nesta fronteira fui homem
contigo me conheci
hoje volto ao calendário:
na noite branca abrigado
a ti só regressarei.
 
 
 
antónio franco alexandre
poemas
carrocel
assírio & alvim
2021




 

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