01 outubro 2021

paul éluard / fresco






I

 
Eu era aquele que se passeia
De nariz no ar
Com o cão de nariz a rasar
Era também aquele que colhe violetas
E que arranja varetas
Para ceifar as ervas altas
Eu brincava eu gritava
Atirava-me às garotas
Minhas mãos pequenas e ligeiras
Só conheciam o seu mistério
 
A morte nunca havia
Nada cortado não a sabia
Não passava ainda pelos meus ouvidos
A vida era perfeita.
 
 
 
paul éluard
a cama a mesa
tradução de luís lima
barco bêbado
2021





 

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