11 novembro 2019

nuno júdice / elegia



Demora-se o outono numa eclosão de frutos
secos: as taças onde puseste as mãos, sem
esperar que a chuva te molhasse os cabelos.
Ao fim da tarde, quando já parece noite,
as nuvens distraem-se com a falta de vento.
Esperam que lhes fales, como se as palavras
pudessem atravessar os limites da treva.
Ainda paras; e olhas para trás, onde os arbustos
te esperam numa hesitação de folhas. Depois
retomas o caminho. Deixo de te ver. É inverno.




nuno júdice
a fonte da vida
quetzal
1997








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