22 outubro 2014

vittorio sereni / nevoeiro



Aqui o trânsito treme
suspenso na luz
dos semáforos imóveis.
Eu venho do lado
onde a cidade se adensa
e um sopro de alto-forno a esconde.
Peço ao coração uma voz, responde-me
um ruído constante
de fundições, de martelos.

E o tempo passa a inverno
eu bato as ruas
que aos dias de raposas meigas
outono de feltros verdes florescia,
as avenidas celestiais do depois da chuva.
Ao sinal de luz avança
e fica um ano, nestas terras.
Acende-se a um canto um sol efémero,
um tufo de mimosas
na branquíssima névoa.



vittorio sereni
frontiera
edizione di corrente
milano 1941


(versão de stefano cortese e gil t. sousa)




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