20 junho 2011

josé ángel cilleruelo / canção triste de cabaré

 
 
.
.
.
Muitas vezes me viam passear
Junto do rio e olhar a cidade
Com tristeza. Apenas essas águas,
Apenas um ar esverdeado nos dias limpos
Substituía o tremor de uns olhos
Ao cobrirem-se entre as mãos.
Regressava de eléctrico ao escurecer
Alheado por montras que esvaziam
Iluminadas. Descemos
Em silêncio os cinco eternos patamares,
Voltaste-te ao chegar à entrada,
nunca mais esquecerei essas palavras:
Olha, rapaz, eu não acredito
no amor, mas apenas nos corpos.
 




josé ángel cilleruelo
trípticos espanhóis 2º
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000
.
.
.

1 comentário:

a. sergio disse...

Via-mos todos , que mesmo esverdeado , o rio não conseguia ver um respirar tranquilo entre a luz cozinhada , que me declarava que mesmo que eu não querendo , se me atravessava com coisas que eu desejava.
O amor , com os corpos , como eu imaginava.